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Paul Haggis estreia-se na realização depois da aclamação recebida pelo seu argumento para “Million Dollar Baby” de Clint Eastwood. “Crash” (não confundir com o homónimo de David Cronenberg de 1996) é um drama eloquente, enternecedor, inteligente, inspirador. Classificá-lo como filme racial é uma análise superficial. Não é um simples filme sobre raças, mas também sobre a condição humana, raiva e redenção. Expõe a desconfiança racial gerada pelo 11 de Setembro, mas também funciona como reflexão emocional e apresenta esperança após a ruína anímica.
À medida que as personagens vagueiam numa densa área cinzenta, entre o preto e o branco, a intolerância e a compreensão, subitamente surge o próximo momento de tensão, escondido ao dobrar a esquina.
Paul Haggis utiliza uma estrutura e premissa similar ao sublime “Magnolia” de Paul Thomas Anderson, “Grand Canyon” de Lawrence Kasdan, “Short Cuts” e “Nashville” de Robert Altman e “Thirteen Conversations About One Thing” de Jill Sprecher. As múltiplas histórias gravitando em torno de etnias, recordam igualmente “Traffic”, de Steven Soderbergh (cujas histórias gravitavam em torno do problema da droga).
Haggis alude que graças ao turbulento quotidiano, pessoas aparentemente sadias comportar-se-ão como lunáticas, principalmente quando o racismo, a xenofobia e os insultos manifestam-se em porções superiores à benevolência e generosidade humanas. Ele assusta surpreendendo plateias com personagens credíveis, que nos levam a reconhecer que as nossas expectativas estão assentes em estereótipos.
Apesar de todas as histórias não suportarem um peso idêntico, é de louvar o facto das personagens não