Cultura afrobrasileira
A História Oficial do Brasil destinou ao negro um espaço que começa e termina na escravidão e sobre a civilização negro-africana espalhou-se uma nuvem de esquecimento e exotismo que o senso comum reproduz em suas narrativas que ainda situam as culturas africanas e indígenas como primitivas. Abolida a escravidão, a imagem negra simplesmente some dos manuais de história e se fixa de forma perversa no imaginário.
Entretanto, a compreensão clara da história do Brasil, nesses 500 anos, não é possível se não conhecermos de forma mais profunda a presença negra na sua constituição. O modo de viver, pensar e trabalhar do povo brasileiro estão impregnados da matriz africana. Desde a língua, passando pela gestualidade e pela religiosidade, é muito difícil não identificar a mão e a alma negras naquilo que denominamos cultura brasileira. Praticamente todo e qualquer tema de monografia envolvendo a desigualdade social brasileira deverá, em algum momento, abordar a questão do negro no país.
Quando pensamos em comida típica, lembramos no negro.
A música que nós brasileiros identificamos como nosso, seja cantarolando ou mexendo o corpo, lembra-nos o negro.
As festas populares brasileiras que pintam de várias cores as nossas regiões estão encharcadas das diversas culturas africanas. No entanto, como explicar, 511 anos depois, a situação de exclusão da população negra num país onde ela representa 45,8% de seu povo?
Não devemos esquecer que, assim como nossos alunos, nós mesmos fomos formados sob uma ótica voltada para valorizar o que não está em nós mas sim, o que vem de fora; até porque essa era a forma dos colonizadores europeus estarem sempre presentes entre nós.
Se mesmo a nossa ciência, a pesquisa brasileira, é muito mais valorizada no exterior do que por nós mesmos, se mesmo nossos setores de ponta são desvalorizados, imagine o ideário social da negritude.
É comum ouvir-se dos militantes dos movimentos negros que a "princesa Isabel assinou a lei Áurea, mas