Iniciaremos falando sobre três problemas: a fundamentação cristológica da adoração cristã, a presença de Cristo na adoração e da “epiklesis”, e mais pormenorizado o sentido profundo do evento litúrgico, que é a recapitulação da história da salvação. Mesmo com uma leitura superficial do Novo Testamento, percebemos que Jesus teve uma vida litúrgica ou sacerdotal, onde a glorificação de Deus na terra, que é a perfeita adoração, foi cumprida, através dEle e de seu ministério. Uma vez que o título de sumo sacerdote (segundo a ordem de Melquisedeque) lhe é apropriado após a ascensão, é verdade também que toda a sua vida deva ser vista na mesma perspectiva litúrgica. Vemos o próprio cristo entendendo assim o seu ministério, já que veio para “destruir as obras do diabo” e reconciliar os homens com Deus através de sua morte, uma vez que sua vida só tem sentido na ótica da libertação e reconciliação. Na carta aos Hebreus, ao se dizer que Ele se ofereceu a Si mesmo, temos a confirmação da afirmação dos evangelistas de que Jesus não quis evitar a morte ou foi surpreendido por ela, mas a previu e a sofreu sendo este o ponto culminante do seu ministério. Assim, os Evangelhos são “narrativas da paixão, precedidas de uma minuciosa introdução”. É nesse sentido sacerdotal que o Novo Testamento entende a morte de Cristo, por isso, há a alusão ao véu do templo que se rasga em duas partes no momento de Sua morte. Neste contexto, podemos notar dois outros fatos. Primeiro, no culto da igreja primitiva, temos o testemunho da vida de Jesus. No estudo de O. Cullmann vemos um exemplo de duas narrativas, onde as manifestações do Cristo ressurreto parecem descrever a própria estrutura da adoração na Igreja nascente , vinculando o culto cristão à vida de Jesus, onde está não só o seu fundamento como a sua justificação. A segunda parte explica, justifica e valoriza o verdadeiro conteúdo da primeira, pois trata do ministério em Jerusalém e centraliza-se na morte, ressurreição e ascensão de