Culpa em nietzsche e freud
Antonio Djalma Braga Junior
RESUMO
Pretende-se com o presente trabalho analisar e comparar as reflexões acerca da culpa elaborada pelo filósofo alemão Nietzsche e pelo pai da psicanálise Freud. Percebe-se que tanto o filósofo quanto o psicanalista concebem o ‘homem’ de uma forma muito peculiar. Eles perceberam que este não é desde sempre um ser tão amigável, bonzinho e dócil, que busca compreender o outro e viver fraternalmente dentro de uma comunidade, mas, ao contrário, possui em si não só uma busca por satisfação e prazer a todo custo, como também uma energia destrutiva, um instinto agressivo, que está interessado em sobreviver e impor-se acima de tudo. Ora, para estes pensadores, o objetivo primário de todo homem é a satisfação integral de suas necessidades. A partir do momento em que isso não ocorre, surge um fenômeno interessante: os instintos voltam-se para trás, para o interior, para dentro do próprio homem. A repressão dos instintos não os eliminam, mas os redirecionam: se eles não obtiverem sucesso em sua evasão, serão introjetados, internalizados. É deste processo que surge a culpa. Em Nietzsche, a culpa é uma doença oriunda da interiorização do homem – fato que o torna um animal digno de interesse. Em Freud, ela é vista como um dos maiores empecilhos para a cura de seus doentes. Este tema torna-se central tanto em Nietzsche quanto em Freud: o primeiro relaciona a culpa à moralidade; o segundo a relaciona ao diagnóstico das neuroses. Deste modo, procurar-se-á estabelecer as semelhanças e as dessemelhanças sobre este conceito de culpa tanto no filósofo quanto no psicanalista.
Palavras-chave: culpa, doença, moralidade e neurose.
INTRODUÇÃO
Paul Laurent Assoun (1991, p. 87) afirma em Freud e Nietzshe: semelhanças e dessemelhanças, que confrontar duas temáticas traz uma série de problemas, principalmente no tocante ao método: dois objetos discursivos não se comparam naturalmente, visto que constituem, por si só,