culpa das estrelas
Sempre que você lê um folheto, uma página da Internet ou sei lá o que mais sobre câncer, a depressão aparece na lista dos efeitos colaterais. Só que, na verdade, ela não é um efeito colateral do câncer. É um efeito colateral de se estar morrendo. (O câncer também é um efeito colateral de se estar morrendo. Quase tudo é, na verdade.) Mas a mamãe achava que eu precisava de tratamento, então me levou ao meu médico comum, o Jim, que concordou que eu, de fato, estava nadando numa depressão paralisante e totalmente clínica e, portanto, ele ia trocar meus remédios e, além disso, eu teria que frequentar um Grupo de Apoio uma vez por semana.
O grupo era formado por um elenco rotativo de pessoas com várias questões psicológicas desencadeadas pelos tumores. A razão de o elenco ser rotativo? Efeito colateral de se estar morrendo.
O Grupo de Apoio era megadeprimente, óbvio. A reunião acontecia toda quarta-feira no porão de uma igreja episcopal — uma construção no formato de cruz com paredes de pedra. Nós nos sentávamos em uma roda bem no meio da cruz: onde os dois pedaços de madeira um dia se cruzaram, onde esteve o coração de Jesus.
Sabia disso porque o Patrick, Líder do Grupo de Apoio e o único naquele lugar com mais de dezoito anos, falava sobre o coração de Jesus todo raio de reunião, sobre como nós, jovens sobreviventes do câncer, estávamos sentados bem no sagrado coração de Cristo, e tal.
Bem, era assim que acontecia no coração do Senhor: os seis ou sete ou dez de nós chegávamos lá a pé/de cadeira de rodas, comíamos um pouco daqueles biscoitos velhos com limonada, sentávamos na Roda da Esperança e ouvíamos o Patrick contar pela milésima vez a história ultra deprimente e super