Sociologia
MARIA HELENA DE-NARDIN
REGINA ORGLAR SORDI
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
Introdução
Na maioria das vezes, quando nos referimos à atenção no âmbito escolar o termo vem associado ao Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDA/H), que, a partir dos anos noventas, começou a alcançar importante prestígio nos meios médicos e nas escolas, chegando às famílias.
O Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (APA, 1994), constituído por um inventário de dados comportamentais, caracteriza esta patologia pela dificuldade em manter o foco de vigilância em tarefas escolares, o baixo rendimento, a inquietude motora, a impulsividade, o comportamento hiperativo.
Essas são algumas das características propostas pelo DSM IV, que devem ser evidenciadas em mais de uma situação social. Tais sintomas sustentam uma concepção com ênfase no adoecimento do indivíduo, cujos distúrbios podem ter causas múltiplas: tanto da ordem do desenvolvimento ou da estruturação orgânica, quanto da ordem do emocional ou relacional. São causas de caráter individual, avaliadas a partir de uma abordagem psicológica e epidemiológica constitutivas de um domínio da realidade onde a cognição é entendida enquanto capacidade de solucionar problemas e a atenção, por sua vez, tem papel específico: o controle do comportamento e a realização de tarefas.
Tomada como condição para a aprendizagem, sua análise restringe-se a uma atenção voltada para a captação e busca de informações (Kastrup, 2004). A partir desta lógica, os sujeitos com queixas de falta de atenção são normalmente situados num quadro de patologia, onde o adoecimento é produzido no indivíduo e pelo indivíduo.
Diante desse quadro, há uma questão ética e política que nos leva a pôr em relação outros saberes, tais como, os estudos da subjetividade e os estudos que tratam da cognição como processo de invenção. O objetivo é poder pensar outras