Crônica
Pensamentos de busão
Chega ao ponto, espera, o ônibus chega, você escolhe um lugar e senta. Você está sozinho, não conhece ninguém, mas tem muitas pessoas ao seu redor. Você já parou pra pensar em tudo que você pensa durante seu percurso? Pensa na sua vida? Algo do trabalho ou da faculdade? Ou será que pensa em como será a vida daquelas pessoas? O que elas fazem fora dali? Como será seu trabalho, sua família, sua casa? Pensa no quão esquisito é aquele cara sentado sozinho na poltrona do fundo ou aquela garota mal vestida tentando chamar a atenção? Pensa também no que será que todas essas pessoas estão pensando? Será algo de você? Talvez...
Mas você - assim como essas pessoas - pode não estar pensando em nada. Como assim em nada? Pode estar contando por quantos postes o ônibus passa ou quantas árvores, quantos carros. Pode estar pensando que um desses carros pode virar um transformer. Pode estar imaginando uma terrível explosão ali do lado. Ou então um acidente! Talvez um engavetamento com 3 ônibus, 5 carros e 4 carretas. Ou então pensa em como seria se você se jogasse da janela, ou então jogasse alguém. E as saídas de emergência, como funcionam? Que vontade de puxar aquela alavanca para ver o que acontece!
Enfim, são inúmeros pensamentos que se passam e nós jamais imaginamos se é o mesmo que se passa com a pessoa ao lado, que está ali, quieta, só observando. Talvez isso se deva ao fato da perda de tempo todos os dias em nossas viagens. O que pode ser muito diferente quando se está na companhia de alguém que te distrai com conversas e faz o tempo de percurso passar até mais rápido. Afinal, ao viajar sozinho o tempo passa mais rápido ou mais devagar? Se você não for uma pessoa tão anti-social, que tal um dia desses, a fim de desencadear um diálogo divertido e harmonioso, perguntar pra alguém o que ele está pensando? O máximo que pode acontecer é um: - NÃO TE INTERESSA! Mas aí já é outra história...