Crônica
Ombro que ampara. Sorriso que se doa. Colo que conforta. Palavra que se tem.
Amizade. Tem coisa mais bonita?
Amizade pra dividir assunto, segredo, vida. Amizade que começa na infância, amizade que atravessa décadas, amizade colorida.
Tenho amigos que fiz na escola, na faculdade, no endereço antigo. Amigos que conheci através de cartas, amigos da internet. Já confundi interesse com admiração. Já confundi amigo verdadeiro com amigo da onça. Já dei créditos demais a quem nem figuração merecia. Já quebrei muito a cara por confiar fácil e muito. E por abrir as portas de casa e do coração a quem quisesse entrar.
Mas o tempo, esse imprevisível senhor, descortina, ensina, explica e corrige tudo, ainda bem.
Hoje não. Hoje a reciprocidade é meu parâmetro. Hoje o cuidado, muito mais que o sorriso aberto – fácil e gratuito – é meu critério. Hoje preciso ser conquistada.
Aos meus leais amigos, dedico linhas, sorrisos, abraços, afeto e dias.
Infelizmente acontece com todo mundo: o correr das horas e as ofensivas imediaticidades não permitem a presença como em outros tempos. Mas amizade é isso. Perdoar e ser perdoada pela correria cotidiana impedir a frequência, a constância de amigos por perto.
Mas, por favor. Não vamos confundir ausência com indiferença. Não vamos justificar abandono com falta de tempo.
Amizade é pra ser usada e não guardada na gaveta das boas lembranças. A boa amizade é pra ser prezada, gasta e compartilhada. Perto ou longe. Afinal, alegar impossibilidade de contato em tempos de meios instantâneos de comunicação é, no mínimo, cara de pau.
Dentre as coisas mais verdadeiras que sempre leio e assino embaixo estão as concepções de que, quem ama cuida e quem quer, dá um jeito. Nisso, cabem cartas e e-mails pra encurtar distâncias, mensagens e telefonemas pra romper silêncios, e sempre que possível, encontros pra amenizar saudades.
É isso. A gente até pode perder o amigo de vista, mas há de se dar um jeitinho vez ou outra, que