Crônica

Retorno Não faz questão de nada? Tem certeza mesmo? E a rede? Você disse que a queria, claro: aprendeu tanto deitado nela olhando o que o pai fazia com a mãe. Eu não preciso de relógio de parede; tenho um no meu pulso, se não o quiser, jogue no lixo ou largue por lá que eu mesmo darei um fim. Nada foi meu naquela casa, tive apenas os restos dos seus brinquedos quebrados, meus de fato, só os carinhos de mãe, a quem tanto ele fez chorar; até o armário do quarto que tinha 6 portas, 5 eram pra colocar só as suas coisas, então por direito ele é seu; o filho preferido do pai. O que acha que eu quero com aquela mesa de canela e com aquela tralha velha de cozinha e com aquele guarda-comida podre que ele comprou pra mãe? Só pode estar me gozando! Vou atear fogo se você deixar lá. O retrato de irmã e de mãe são meus, não interessa que perdi o que ela estava de chapéu; o que você quer com a imagem dela agora? Nunca a defendeu dele; fica você com o tinteiro de pai; melhor, fique com tudo que era dele; ele te ensinou muito bem a ser valentão, mas a vida deu aquela volta, falando nisso, é claro que sei que leu minha carta para Júlia, e achei ótimo; preparou os ânimos; Não me interesso em saber se ainda vai pescar pra que eu ia querer linhas e chumbadas, o puçá e a tarrafa? Isso eram coisas dele e já disse que é pra ficar com tudo dele. Ah, agora você quer o canivete? Venha buscar aqui se tiver coragem; ele vale muito mais pra mim agora como recordação de que você finalmente entendeu que posso ser o melhor em alguma coisa; e que progresso para o irmãozinho mais novo não é? Bem, o fogão eu quero, porque mãe passava o dia diante dele comigo nos braços, já das cadeiras não faço questão nem da estante nem das prateleiras e nem dos dois vasos de enfeite e muito menos daquele quadro e daquela gaiola com a coleira e o