Crítica
Como poderia eu esquecer tão agradável e formosa mulher? Que perturbas meus mais íntimos sonhos e que me entenebrece a alma por não tê-la em meu tão simples, mas cobiçoso tálamo... Hei um dia, numa noite qualquer, entrelaçar minhas pernas à suas, fazê-la sufocar em suspiros de prazer e em nossa cama fazê-la mulher... Farei seus olhos desejarem meu corpo e no silêncio da noite, de suas roupas e da vergonha a despir... Falarei ao seu ouvido versos que não suscitem nada mais, se não o desejo de vê-los realizados... Mostrar-te-ei as faces do amor proibido e, enfim, transformá-la-ei numa escrava insana e desnuda do seu próprio prazer, exorcizando de ti, a vergonha e a timidez da graciosa e eterna mocinha.
Far-te-ei mulher, enfim. Exclamarás na solidão da noite, tão soluta noite, os meus beijos. Recordarás as noites em nossa cama e sentirás o meu corpo; minhas mãos que te roubam a pureza; minha voz e minhas palavras que em tempos menos modernos te fariam morrer em praça. Lembrarás de meus olhos que te traduzem o mais e mais, lembrarás, enfim, de ti mesma e do quanto fores feliz. Eu, como homem, recordarei teu ventre.
Não te escondas de mim, não obscureça a minha imagem em vossa mente e, não emudeças diante do silêncio perturbador, diante do assovio de meu nome, do meu amor. Não te tornes escrava de tua própria escravidão, todavia, faça-a teu mais eufórico prazer. Prazeres eternos, que não morrem, mas silenciam diante do entrelaçar de nossas pernas. Pablo Fernando M.