Crítica a confusão demoníaca

575 palavras 3 páginas
Maquiavel ou A confusão demoníaca, de Olavo de Carvalho, lamentavelmente, é um livro tão ruim e tão pretensioso, que não permite a quem o leu se manter em silêncio, sem expressar sua indignação. Nem vou me ater ao fato de seu autor começar o texto insinuando-se, com falsa modéstia evidente, em patamar hermenêutico superior ao de Benedetto Croce e de sir Isaiah Berlin, no que se refere à interpretação da obra de Maquiavel. Até porque não se trata de um livro empenhado em questionar efetivamente as ideias de Maquiavel. Olavo de Carvalho centra fogo no homem Maquiavel e é o homem, especialmente do ponto de vista moral, que ele pretende interpretar.
Interpretar? Basicamente, Olavo de Carvalho vê em Maquiavel, não o gênio nem a figura enigmática e polêmica divisado por muitos dos estudiosos da personagem renascentista, mas um rematado canalha, mentiroso contumaz e imoral, a serviço do Príncipe das Trevas, além de um intelectual medíocre, se tanto. Diante dessa crítica análoga aos mexericos da Candinha, fiquei me perguntando, por algum tempo, qual o objetivo de se escrever um texto para enxovalhar a imagem de um homem morto há cinco séculos.
A única resposta que encontrei é a de que, escancarando o lado B de Maquiavel, e deixando subentendido que ninguém jamais viu ou discutiu isso, Olavo de Carvalho se autopromove, dando a entender que só ele é capaz de enxergar o que ninguém enxerga. Megalomania, aliás, é o que não falta ao ensaio. Quem lança anátemas contra um escritor defunto como o faz Olavo de Carvalho está se colocando em um patamar superior ao dos seres humanos e condenando a partir da eternidade. Por essa perspectiva, não é estranho que ele se permita até questionar a sinceridade da confissão que Maquiavel fez no leito de morte, para receber o Santíssimo Sacramento, antes de entregar a alma ao Criador.
Mas não vem ao caso tentar entender a fundo a natureza do ódio que Olavo de Carvalho devota a Maquiavel, deixemos isso por conta de alguma veia histriônica

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