Crítica - Hoje eu quero sair de casa
Uma história difícil, contada com sensibilidade.
André Luiz Martins Caraballo – 41211075
Um filme quase nostálgico, traz à tona situações tão recorrentes na nossa vida, que, sem perceber, entramos no enredo como parte dele, vivemos e, às vezes até tentamos interagir. Os diálogos são simples, chegando a ser repetitivos e irrelevantes, mas não ao ponto de incomodar, já que por traz do texto há um mundo de sentimentos, percepções, olhares e ações que nos levam ao êxtase.
Esteticamente o filme é bem composto, enquadramentos completos e bem divididos, a foto aproveita bem dos planos em noventa graus e alguns planos-sequência. Junto à isso, a trilha definia bem o sentimento que as cenas pretendiam passar.
A temática é perigosa, pois trata-se de dois casos emblemáticos, a deficiência visual e a homossexualidade, ambos que, por pequenos descuidos poderiam aparentar pretensiosos e forçados. Não foi o que aconteceu, o cineasta conseguiu inserir os temas de forma delicada, sem que fossem, eles, os personagens da trama. Desde a descoberta até a aceitação, os conflitos diários se desenrolam naturalmente, o cotidiano do protagonista não se mostra como uma “superação”, ou um exemplo de vida, é simplesmente natural, assim como a ”zombação” dos antagonistas, no caso dos meninos da sua sala, que também não se mostra exagerada.
É o primeiro longa do diretor, e nem por isso deixa a desejar, entregando um filme maduro tecnicamente e merecido aos prêmios que recebe.
Poucos filmes, nacionais ou internacionais, tratam a manifestação sexual de um adolescente com tanto refino. E a sutileza está no conjunto e não apenas na construção do arco dramático do personagem. Trilha sonora, fotografia, edição e elenco de apoio trabalham em sintonia sutil, mas sempre vibrante. Há muita veracidade permeando a produção e não é difícil esquecer estar diante de uma obra de ficção. Entramos de voyeur num trecho da vida de Leonardo e, ao desligarmos o computador, ele e seus