Cruz E Coroa

Cruz e Coroa: Igreja, Estado e conflito de jurisdições no Maranhão colonial.
Introdução
Em 31 de março de 1516 foi criada a bula Dudum pro parte, e através dela foram concedidos aos reis de Portugal o perpétuo direito de padroado em todos os seus domínios além-mar, ou as terras sujeitas ao domínio da coroa portuguesa. Tratava-se de uma combinação de direitos, privilégios, deveres concedidos pelo papa a coroa portuguesa. Através do padroado, o rei tinha autoridade de aceitar ou rejeitar bulas papais, escolher com a aprovação do papado os representantes da igreja e autorizar a construção de igrejas, catedrais, mosteiros, cemitérios e conventos, entre outros. Assim desde o inicio da colonização do Brasil e também em outras áreas do império português a cruz e a coroa caminharam juntas.
Mesmo o padroado dando ao rei o direito de interferir nos assuntos da igreja, a relação entre a igreja e o estado nem sempre foi amistosa. Os ministros da coroa apoiados por alguns canonistas religiosos levaram tão longe os direitos do padroado que fizeram do rei uma espécie de cabeça eclesiástica, de quem dependia toda a jurisdição.
Desenvolvimento
Entendemos que durante a idade média a teoria dos dois poderes foi geralmente aceita, mas a questão da superioridade continuou sendo indefinida. O Estado era considerado uma instituição cristã, tendo a obrigação de sustentar, proteger e difundir a fé. A lei canônica afirmava que o estado tinha o dever de punir os hereges e este dever foi aceito pelo estado, houve ai um debate entre teólogos e juristas canônicos sobre o verdadeiro sentido da teoria das duas espadas de Gelásio, com isso foi criado uma única sociedade com dois aspectos, cada qual com suas responsabilidades. Foi daí que surgiu o chamado corpus christianum, que foi a ideia de que a igreja e o estado enquanto sociedades distintas, estavam unidas em uma só comunidade. No inicio da idade média a igreja lutou para libertar-se da intrusão dos governantes, após o século VI, livres do