cronica
Ser português é um risco. Se houvesse seguros para cobrir o facto de sermos de uma certa nacionalidade, ser português em 2012 comportaria um risco elevado e o prémio seria com certeza muito caro.
Devemos por isso ser complacentes com a sugestão do primeiro-ministro Passos Coelho para os professores correrem o risco de emigrar, porque, de facto, o risco de ficarem no País pode ser superior. Digamos que cabe a cada um avaliar os riscos que corre emigrando ou ficando. Se os professores avaliaram mal o risco de serem professores, Passos Coelho talvez tenha avaliado mal o risco que corria ao tornar-se primeiro-minstro de Portugal, exactamente quando um país de alto risco passava por uma situação especialmente arriscada.
Das duas uma: ou Passos Coelho é avesso ao risco, ou tem um Quociente de Inteligência de Risco (QIR) muito baixo. Só um doido suicida ou um optimista demasiado cândido aceitaria a tarefa que jamais uma seguradora seguraria: gerir um país destes numa fase destas. O QIR mede a capacidade para as pessoas estimarem as probabilidades dos riscos que correm. E as pessoas com um QIR mais elevado - não quer dizer que sejam mais inteligentes -, mas têm mais capacidade para se orientarem no desconhecido.
O inglês Dylan Evans vai publicar em Abril de 2012 o livro “Inteligência do Risco – como viver com a incerteza” (Risk Intelligence: How to live with uncertainty), que talvez os políticos portugueses devessem comprar – e por que não os portugueses todos? Dylan Evans é presidente e fundador do Projection Point, uma organização que ajuda a determinar a inteligência de risco para grandes empresas, e ajuda a melhorar a performance dos quadros nesse aspecto. O livro procura mostrar como é importante saber gerir o risco em profissões como médicos, reguladores financeiros, traders, banqueiros e, como é óbvio, meteorologistas, jogadores profissionais e políticos. (Faça o seu teste de avaliação do QIR) O autor do livro diz que se pode