criticas
Deus não existe
Começar um filme com essa frase é pedir demais a paciência do público moldado pelo conservadorismo religioso, afinal de contas, essa talvez seja a frase mais hedionda e absurda que existe para uma pessoa que crê fiel e incondicionalmente em Deus. Mas qual seria o sentido dessa pequena, porém tão polêmica afirmação? Alguns encaram essa breve e tumultuada abertura como uma metáfora, outros como pretensão, subjugando que a explicação mais notória seria a inexistência de uma “força maior”, a principal causa da miséria brasileira. O fato é que muitos criticam o curta de documentário por essa frase, mas ignoram a profundidade do seu conteúdo, explorado de uma forma criativa e interessante pelo diretor Jorge Furtado, reduzindo assim a crítica construtiva que se faz perante a uma simples e repetitiva explicação sobre o ser humano e coisas ínfimas que o rodeiam, em uma narração certeira do ator Paulo José.
A história, se é que pode-se chamar de história o enrendo do documentário, começa no Rio Grande do Sul com a imagem do Sr. Suzuki colhendo tomates, que mais tarde seriam vendidos, ou melhor dizendo, “trocados por dinheiro” para um supermercado, onde estaria à disposição dos clientes. Eis que surge Dona Anete, ser humano, mãe de família que compra os tomates colhidos pelo japonês e pretende servi-los para o marido e filhos. Enquanto ela prepara o molho de tomate para a carne de porco, animal que serve de alimento para os seres humanos (menos para os judeus) e que se diferencia do ser humano por não apresentar telencéfalo altamente desenvolvido, muito menos um polegar, “que dirá opositor”, ela percebe que um dos tomates comprados não está em condições de ser aproveitado como alimento e joga-o no lixo. O roteiro do curta-metragem