Critica marxista
O pensamento de Marx destaca-se claramente no firmamento da filosofia ocidental não apenas pelo modo como soube expôr as falácias de algumas das teses do idealismo hegeliano e superar as insuficiências argumentativas das propostas materialistas de Feuerbach, mas sobretudo porque, a partir daí, construiu um edifício teórico segundo o qual o conhecimento da realidade dependia não da crença numa entidade espiritual abstracta, o Espírito ou a Ideia, mas sim da adopção de um olhar crítico e prático sobre essa mesma realidade algo conducente, mais do que a um permanente estado de inquietude, a uma atitude revolucionária.
Para Marx, tal realidade ou como viria a conceptualizar, a totalidade natural-social não obedece, como pretendia Hegel, às exigências da Razão, nem se limita a um estéril movimento perpétuo, concepção típica do mecanicismo setecentista adoptada entretanto por Feuerbach. Evolui, antes de mais, ao longo de um complexo processo dialéctico e histórico, e o homem, sujeito que para Marx ultrapassa em muito a sua caricatura sensorial e contemplativa desenhada por certa tradição filosófica alemã, deverá desempenhar um papel interveniente na sua transformação, alterando a ordem política, corrigindo as injustiças sociais e tomando consciência das relações de produção.
Assim, segundo este pensador, nenhuma formação social pode permanecer imutável apesar de ideologicamente ela se nos afigurar como algonatural (que o mesmo é pensá-la como algo necessário) e atemporal (leia-se: à margem das leis da história). Todas as formações sociais afinal, configuradas pela estrutura económica (ou seja, as forças produtivas e as relações de produção) e pelas as ideologias, as representações políticas e jurídicas constitutivas da superestrutura, são passíveis de sofrerem uma transformação radical a partir do momento em que as forças produtivas e as relações de produção se contradigam entre si. É esta, afinal, a força motriz da história humana: aquilo a que Marx