Critica da razão pura
Kant, no Prefácio à segunda edição da Crítica da Razão Pura (1787) afirma que "só o resultado permite imediatamente julgar se a elaboração dos conhecimentos pertencentes aos domínios próprios da razão segue ou não a via segura da ciência" (C.R.P., B VII). De acordo com esta acepção, é pelo resultado que se pode inferir se um determinado conhecimento racional atingiu a sua meta, sem, no entanto, cair em dificuldades ou permanecer em um mero tatear entre conceitos no curso do seu desenvolvimento. Segundo Kant a lógica, a matemática e a ciências natureza (física) são exemplos de conhecimentos teóricos que atingiram através da "via segura da ciência" um resultado satisfatório, pois, estas, se propuseram a determinar a priori seus objetos. A exemplo destas ciências, Kant, promoveu uma verdadeira revolução na teoria tradicional do conhecimento na medida em que determinou o a priori como padrão de medida para que se pudesse trilhar a "via segura da ciência". Essa determinação somente foi possível porque o resultado destas ciências demonstrou tal fato, tendo em vista que o seu critério de delimitação, isto é, a universalidade e a necessidade, conferiram a estas a possibilidade a priori de determinar exatamente o âmbito de sua aplicação. Quando, porém, a ciência determina exatamente o seu limite e, conseqüentemente o seu domínio de aplicação a possibilidade de se desfigurarem são inexistentes, pois os limites de sua aplicação quando rigorosamente determinados não desautoriza a esta a seguir a "via segura da ciência". A física e a matemática- como observa Kant — se ocupam unicamente com os fenômenos, e, portanto, podem produzir conhecimento a priori; a metafísica, por seu turno, ocupa-se unicamente com as coisas em si, com o absoluto, enfim, com o noumeno, e, por essa razão, é incapaz de produzir conhecimento a priori. Por esse motivo que Kant afirma que a metafísica registra-se em um contínuo tatear caminhando por