Enfim, chegamos à linha final. Com uniformes desbotados, neurônios queimados e cansaço além do normal. Vamos embora com a nossa mochila vazia de livros e cadernos, mas cheia de histórias pra contar. Passaram-se três anos. Todo mundo mudou, as pessoas nas fotos do primeiro ano quase não são mais reconhecidas, saímos com a certeza de estarmos diferentes. O primeiro, o segundo e o terceiro ano se passaram. E agora, o que será de nós? Sabemos que além daquele portão um mundo inteiro espera e exige de nós o sucesso digno de um ex-aluno Dá um certo medo ao lembrar de todas as responsabilidades que caírão sobre nossos ombros, dá vontade de voltar no tempo, começar tudo de novo, não pra fazer diferente - talvez, sim, pra estudar um pouco mais - mas pra prolongar e quem sabe tornar eterno o momento que foi o melhor das nossas vidas. Tentamos não ver, disfarçamos a dor que sentiríamos enquanto pudemos, mas o fim chegou. É impossível não sentir medo do futuro e de não conseguir que todos os nossos sonhos sejam realizados, mas nós carregamos a vantagem de termos aprendido com os melhores. Mais do que resolver equações impossíveis e elaborar dissertações polêmicas, aprendemos a construir um futuro. Aprendemos com quantos livros se perde um feriado e com quantos alunos se forma uma família. Aprendemos a lidar com as diferenças, à sobreviver às notas baixas, à entender que nem sempre se ganha. Aprendemos a dividir um história linda, a sermos protagonistas da nossa e à fazermos participações especiais nas histórias vizinhas. Tantas e tantas vezes gritamos que não aguentávamos mais, mas tenho certeza de que sentiremos falta quando amanhã dermos conta de que aquele emblema um dia tão pesado em nosso bolso, tornou-se apenas uma parte enorme de nós a ser guardada numa caixinha em algum lugar da nossa memória. Sentiremos falta do calor insuportável, das aulas intermináveis, dos rostos conhecidos e da sensação de estar em casa, rodeado de gente com o mesmo sangue. Sem dúvida fomos isso: