Critica: Ah Os Dias Felizes
“Ah, Os Dias Felizes” de Samuel Beckett, com encenação, cenografia e figurino de Nuno
Carinhas, voltou ao palco após uma temporada em novembro de 2013. Traduzido por Alexandra
Moreira da Silva, o texto de Beckett foi posto em palco e interpretado por Emília Silvestre e João
Cardoso e ficou em cartaz de 24 de outubro a 16 de Novembro de 2014 no Teatro Nacional São
João, instituição que produziu o espetáculo.
Ao subir da cortina vemos um morro que as vezes se confunde como sendo de areia, barro ou pedra. Uma mulher, muito elegante por sinal, enterrada até a cintura nesse morro à adormecer.
Ao fundo um painel com pinceladas de cores quentes que ao longo do espetáculo vai trazendo movimento ao cenário.
Sendo Samuel Beckett, na minha opinião, um dos maiores autores mundiais, não podemos deixar de criar uma certa expectativa quando recebemos a notícia de que um grupo de pessoas assumiu a grande responsabilidade de montar um texto dele, pois sabemos da complexidade de suas obras, mas não só; sabemos do quão minucioso e respeitoso deve ser o tratamento dado a esses textos. Ao mesmo tempo, nos colocamos no lugar desse grupo de pessoas e imaginamos as dificuldades e o árduo trabalho que devera ter sido colocar no palco uma obra de grande referência no cenário teatral, pois a mesma grandiosidade que devemos dar a beleza de seus textos, também devemos dar à dificuldade em trabalhá-los.
O excelente resultado apresentado em palco por Nuno Carinhas, Emília Silvestre e João
Cardoso nos mostra que eles não só assumiram todas as dificuldades como souberem colocá-las em cena ao seu favor. Com um minucioso respeito ao texto, enxergaram os espaços cedidos por Beckett e os aproveitaram ao máximo e de forma muito inteligente.
“[…] então só nos resta fechar os olhos - (fecha os olhos) - e esperar que chegue o dia - (abre os olhos) - o belo dia em que a carne se derrete a tantos graus e a noite de dura tantas centenas de horas. (Um
Tempo.) É isso que eu acho tão