Crise sacrificial

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Crise sacrificial Crise sacrificial é o nome que se dá a uma situação caótica aparentemente irremediável e de fonte divina que se resolve através de sacrifício de qualquer sorte. Ocorre usualmente em sociedades “tradicionais”, sociedades onde não há uma distinção bem delineada entre o mundo natural e o mundo social, e onde o conceito de sanção transcendente é marcante. Nessas sociedades é comum se atribuir caráter divino ao posto real (EVOLA, Julius, 2010), e o governante fica no poder enquanto der provas de sua essência divina, ou seja, enquanto o governante trouxer boa sorte e a sociedade não passe por infortúnios. Além disso, essas sociedades levam a moralidade a um nível público, e um ato de imoralidade de um cidadão, especialmente do líder, tem poder de afetar a toda a sociedade. É normalmente nesse contexto que se insere a maior parte das crises sacrificiais: O líder ocupa um cargo divino, mas ao violar a moralidade, se entregando, ainda que sem intenção, aos vícios mundanos, isso poderia ofender aos deuses que então puniriam não só o líder (a noção de sanção individual não existiria nesse caso), mas estenderiam a imputabilidade a toda a sociedade, numa sanção transcendental de efeito erga omnes, como se, por exemplo, na peça Édipo - Rei, de Sófocles.
A sociedade tradicional dos Ianomami
A morte não só ocupa lugar central, mas é o próprio ponto estruturante da visão da sociedade e do cosmos entre os Yanomami. A morte, o homicídio e o perigo de vida são encarados sob um aspecto místico, sendo dotados de origem sobrenatural. Freqüentemente atribui-se a morte a atos de feitiçaria praticados por xamãs de tribos inimigas. Para os Yanomami há um forte simbolismo predatório atrelado ao ato do homicídio. A punição - que envolve a reclusão do homicida - é encarada como um processo de ''digestão'' da vítima. O criminoso deve se submeter a ritos que representam a digestão do cadáver; uma espécie de funeral prescrito ao homicida, que deve sofrer simbolicamente as

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