Crise na Democracia
É, assim, com o espaço político. Em toda a sua extensão se pode perceber uma fragmentação em seus alicerces, pois que ele está seduzido pela ruptura dos velhos paradigmas que, ao longo do século passado, fizeram-no viver o seu apogeu. Dentre os elementos que o formam e que sofrem essa crise, está a figura da democracia.
Mas o simples fato de se constatar a presença do signo da crise não significa, necessariamente, um resultado negativo. É preciso romper com as tradicionais visões maniqueístas do pensamento. Nesse sentido, a crise é aqui percebida como um instrumento que estimula a transformação, pois que nela há a presença de uma potência de significado positivo, pois que obriga aos institutos do vasto campo social, a desenvolver uma eterna capacidade de se transformar. É, assim, com a democracia, principalmente a partir da década de 80, do século XX.
Desde ao final dos anos 80, a democracia presenciou, enquanto campo privilegiado do espaço político, a áurea da vitória inconteste. Das ditaduras militares da América Latina, até aos regimes socialistas da Europa Oriental, pôde-se perceber o triunfo de sua catequese.
Entretanto, quase que instantaneamente, iniciou-se o influxo de uma crise que tem exaurido a sua capacidade de resposta, criando um paradoxo1 ao apogeu que foi por ela alcançado.
Repita-se: o paradoxo é o resultado da vitória que a democracia alcançou a partir do momento em que o espaço socialista se fragmentou, pois com o fim desse sistema político, o discurso democrático, obrigado a se confrontar consigo mesmo, acabou por se perder em suas próprias contradições e limitações.
Nesse sentido, a democracia vive