Crise econômica e reprimarização
Érika Oelke Rodrigues
Artigo: Crise econômica e reprimarização
Autor: Emanuel Sebag de Magalhães, graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Ceará e membro do Viès - Núcleo de Economia Política.
Disponível em: Revista mensal do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - Ipea Edição 74 - 23/11/2012
Nos últimos anos, a economia brasileira vem passando por um processo de reprimarização da pauta exportadora. Esse movimento de regressão qualitativa da inserção do Brasil no comércio internacional tem bases endógenas, mas apresenta também forte relação com a recente crise. Em um período de turbulência econômica mundial, os fluxos comerciais tendem a diminuir, atingindo, porém, os países de maneiras distintas. A retração do comercio mundial tem efeitos assimétricos sobre a composição da pauta exportadora brasileira, de acordo com a intensidade dos danos causados por ela em nossos parceiros comerciais. Dado o cenário econômico adverso, que projeções pode-se fazer para a trajetória qualitativa de nossas exportações?
Historicamente a economia brasileira se constituiu como primário-exportadora. O período colonial se caracteriza pelo ciclo do açúcar no nordeste e pela corrida do ouro em Minas Gerais. Já no Império, com a exaustão das jazidas auríferas, o café passa a ocupar o papel principal da produção e comércio exterior do país. Na República, durante a década de 1930, sob os efeitos da crise de 1929, os preços do café despencam concomitantemente com sua demanda mundial, composta primordialmente pelos Estados Unidos, país mais afetado pela crise e principal comprador do café brasileiro à época. A partir desse período, de maneira não uniforme, o país se empenha na constituição de uma indústria nacional. Apesar dos esforços, o país chega ao início do século XXI apresentando baixa competitividade na indústria de transformação e inserção internacional fundamentalmente baseada em commodities agrícolas e minerais e