A política econômica do governo lula: como mudar para ficar no mesmo.
NO MESMO. Rosa Maria Marques
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Paulo Nakatani
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Resumo
Dentre as principais características dos três primeiros anos do Governo Lula pode-se destacar o comportamento errático na taxa de crescimento do PIB, a melhora excepcional do saldo da balança comercial e das transações correntes e a singular crise política enfrentada pelo governo em 2005. O primeiro foi decorrente, em grande parte, da continuidade e do aprofundamento da política macroeconômica herdada do governo anterior e da crise política. A política de metas de inflação, mesmo com limites muito mais elevados para a meta a ser atingida, manteve as taxas reais de juros em níveis elevadíssimos e acelerou ainda mais o endividamento público interno. Até mesmo o aumento substancial do superávit primário não foi suficiente para frear o crescimento da dívida. Como conseqüência, o crescimento médio dos três primeiro anos do governo foi pífio, não reduziu significativamente o desemprego e nem alterou substancialmente a grave concentração de renda estrutural da sociedade brasileira. A segunda característica não resultou de nenhum fator interno, foi decorrente do excepcional dinamismo da conjuntura internacional, que permitiu a obtenção de vultosos saldos comerciais suficientes não só para cobrir o enorme saldo negativo da conta de rendas de capitais como para produzir um superávit em conta corrente e a redução da dívida externa. A terceira, a crise política, transformou o Partido dos Trabalhadores, critico incansável dos governos anteriores e esperança de alguma mudança, em um partido como os outros, que acabou utilizando os mesmos expedientes que os demais para financiar a eleição e a aprovação de leis no parlamento. Palavras-chave: Política econômica, crescimento, distribuição de renda, pobreza. 1 - Introdução Durante os primeiros 36 meses do governo Lula, o nível das exportações bateu