Crise de Romulo

A CRISE DE RÔMULO

Tarde ensolarada de quinta-feira. Fazíamos nossa visita semanal à Equipe de Saúde da Família e havíamos cumprido com algumas de nossas rotinas vinculadas ao Programa de Interconsulta em Saúde Mental na Atenção Básica da Residência Integrada em Saúde quando
A equipe nos comunica que um dos "loucos" da comunidade estava em crise. Perguntaram-nos
Se poderíamos ir ao local ver o que era possível ser feito e fomos informados de que
A família estava desesperada e já havia tentado de tudo: não existiam ambulâncias disponíveis
Porquê, em nosso município, elas não atendem casos de saúde mental; chamaram a polícia
Para conduzi-lo à internação, e esta não obteve sucesso, pois, quando se aproximou,
Rômulo, como passará a ser chamado, fugiu escondendo-se no mato. A família assustada
Não via alternativa para se proteger além da sua internação.
Era preciso fazer algo. O que poderíamos fazer? Procuramos medicamentos na Unidade
De Saúde da Família para o caso: não havia – as unidades daquele distrito sanitário não possuem medicação para crises psíquicas, embora tenham medicações para outros tipos de
Emergência. Fomos até a casa de Rômulo. Vivia com seus avós e um irmão gêmeo, o Remo, usuário de crack acompanhado no ambulatório de referência daquele bairro. Deparamo-nos com uma cena de pavor e, como toda a família, nós também fomos tomados por aquele sentimento. Nós, o agente comunitário de saúde e seus avós dentro da casa, Rômulo na rua. Gritava, ameaçava matar a todos, sacudia as portas, dizia que o estavam matando, tirando sua energia, que estava seco por dentro e não produzia mais uma gota de esperma. Sua avó, visivelmente constrangida com o palavreado desenfreado,
Soltou um riso quase inaudível. "Está rindo do quê, sua vadia?", Gritou Rômulo furioso.
Nós nos sentíamos, como o restante da família, oprimidos, apavorados e impotentes.
Não tínhamos recursos, não sabíamos o que fazer. Havia um 'titã' furioso na rua, e sua fúria parecia ameaçar a