Crise de Materialidade
Duas dimensões – a mediação da prestação de serviços sociais(base material) e a função socioeducativa – constituem a dupla função do Serviço Social ao longo da trajetória. A palavra materialidade aqui não é sinônimo de material, de coisas materiais, embora estas façam parte da prestação de serviços sociais. Materialidade é a base, o chão de intervenção profissional, quer dizer, é a matéria prima do Serviço Social que, no âmbito do Estado, são as políticas sociais. São estas o solo para a construção dos objetos da intervenção profissional, definidos pelas instituições ou construídos pelos profissionais dentro de suas possibilidades de relativa autonomia.
Vale afirmar, portanto que não é a “questão social” que funda o serviço social, mais o trat5o dela pelo Estado capitalista em determinada fase de desenvolvimento capitalista. Quer dizer, a “questão social” não se constitui por si só matéria prima do Serviço Social, mas é elemento desencadeador das respostas sociais dadas pelo Estado capitalista, por meio das políticas sociais que se constituíram a base institucional da ação da profissão no âmbito do Estado, por meio das quais o Serviço Social desenvolve a sua ação profissional, mediando a prestação de serviços sociais que constituem a sua primeira dimensão profissional.
A dimensão política da prática do Serviço Social se concretiza, portanto, mediante sua atribuição socioeducativa na relação com a população usuária dos serviços prestados por essa profissão. A análise acerca dessa dimensão indica que pode haver uma hipertrofia dessa função, decorrente da redução da base material, hipertrofia essa que teria uma dupla expressão político-ideológica.
A crise da materialidade do Serviço Social vinculada ao setor público estatal, visível a partir da última década é resultante da conjugação da crise global do capitalismo internacional e da vigência da implantação do modelo neoliberal, em