Crise da agua em sao paulo
O Brasil vive uma insegurança hídrica há nove meses. São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro são os Estados mais atingidos por essa crise no abastecimento de água. A população resgatou velhos hábitos, como o banho de caneca, para economizar o líquido essencial à vida.
A região mais afetada foi a paulista, que vive em alerta desde fevereiro deste ano, quando o nível do Sistema Cantareira, que abastece atualmente 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo, começou a cair. Antes, o reservatório sustentava nove milhões de lares (2,5 milhões passaram a ser atendidos por outros sistemas).
Desde então, moradores de cidades como Guarulhos (Grande São Paulo) e da periferia da capital começaram a reclamar da falta de água durante a madrugada. O governo estadual nega que haja racionamento de água.
O Estado lançou uma campanha de descontos para quem economizasse água, mas mesmo assim os níveis do Sistema Cantareira continuaram a cair. O governo estadual passou a usar água do chamado volume morto (reserva de água abaixo da que é normalmente usada) em maio, mas esse lote, que deveria durar até 30 de novembro, já se esgotou.
O segundo (e último) lote dessa reserva técnica começou a ser usado na sexta-feira passada, quando o nível do sistema chegou a atingir 2,9%. Foram acrescidos ao sistema 105,0 hm3 (bilhões de litros) e o nível do Sistema Cantareira saltou para 13,6%, segundo a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). Hoje, a companhia contabilizou 13% no reservatório de água.
“A situação é preocupante. A água da segunda reserva do volume morto vai durar cerca de 60 dias. Se não chover, a situação vai ficar ainda mais alarmante”, afirma o professor de hidrologia e recursos hídricos da Unicamp (Universidade de Campinas) Antônio Carlos Zuffo.
Segundo o especialista, o mês de outubro, quando começa o período chuvoso, registrou até hoje, dia 27, apenas 25 milímetros de chuva.