Crise cambial
1. Introdução Com a adoção do Plano Real, a política cambial do Brasil passou a exercer vital importância para o entendimento da política monetária nacional adotada. Não que os regimes cambiais adotados anteriormente fossem de importância irrelevante, mas a adoção de uma âncora cambial, em um primeiro momento, para posterior adoção de uma flutuação cambial, torna o entendimento do histórico dos regimes cambiais no Brasil, e da definição dos diferentes regimes existentes, uma essencial ferramenta para a análise das conjunturas macroeconômicas no Brasil atual. Dentre estas conjunturas, está a balança comercial brasileira, que, afetada diretamente pelos regimes cambiais praticados ao longo dos anos e oscilando conforme o desempenho dos mesmos, retrata e avalia o movimento comercial do país com as demais nações do mundo, englobando as vendas e compras efetuadas externamente. No início da década de 1990, a América Latina, em especial o Brasil, vivia fortes desequilíbrios inflacionários. Políticas fiscais expansionistas, combinadas com uma atitude de “conviver com a inflação”, como no caso brasileiro, ou de impedir os juros nominais que pelo menos compensassem as taxas de inflação, gerando forte repressão financeira, como na Argentina, provocaram a indexação, que no primeiro caso terminou por se transformar na principal fonte de inércia inflacionária, e a dolarização, que no segundo caso conduziu à hiperinflação. Depois de várias tentativas frustradas de estabilizar os preços, baseadas em formas erradas de tratar os fenômenos da inércia inflacionária e da dolarização, de um lado, e de operar as políticas monetária e fiscal, de outro, a quase totalidade destes países adotou programas de estabilização baseados em uma âncora cambial. Neste sentido, afastaram-se da tendência, dominante entre os países mais desenvolvidos, de flutuar suas moedas. Neste período, dominaram, nos países