Crise Cambial
Não é exagero dizer que a anunciada retirada do megainvestidor húngaro naturalizado americano George Soros da gestão de recursos de terceiros é o fim de uma era. Prestes a completar 81 anos, Soros informou que iria encerrar as atividades de sua empresa de gestão. A partir do ano que vem, ele vai administrar apenas o patrimônio familiar, estimado em polpudos US$ 24 bilhões. Ao contrário de muitos gestores com trajetórias tão brilhantes quanto breves, Soros deixa uma parte da liça no auge de sua forma. Desde o lançamento do Quantum Fund, em 1973, Soros premiou seus clientes com uma rentabilidade anual média de 20% em dólares, comparável a outro megainvestidor, o americano Warren Buffett.
No entanto, a proximidade entre ambos se encerra aí. Buffett se especializou em comprar empresas e manter esses investimentos durante longo tempo. Soros sempre adotou estratégias sofisticadas. Ele não foi o inventor dos chamados hedge funds, mas é o gestor mais famoso deles. Um hedge fund, ao contrário do que o nome diz, não busca proteção (hedge), mas especula em todos os mercados possíveis. Soros se acostumou, desde o princípio, a fazer apostas complicadas e arriscadas. Algumas vezes perdeu muito dinheiro; em outras, embolsou lucros fabulosos. Sua tacada mais conhecida ocorreu em 1992. Naquele momento havia um pesado desequilíbrio monetário na Europa.
Três anos antes, em 1989, havia começado o doloroso processo de reunificação da Alemanha, que obrigara o governo alemão ocidental a injetar bilhões de dólares na economia do Leste, desvalorizando o marco em relação a outras moedas. A libra esterlina apreciou-se em relação ao marco alemão, e a Inglaterra perdeu competitividade. Para resolver a situação, o Banco da Inglaterra teria, mais cedo ou mais tarde, de desvalorizar a moeda. Convencido disso, Soros apostou mais de US$ 10 bilhões na queda da libra, que ocorreria no dia 10 de setembro de 1992. Na chamada “quarta-feira negra”, ele embolsou US$ 1,1 bilhão e se