Crise 1929
O resultado é uma descrição do tumultuado e nervoso universo que compunha as cidades de Londres e Paris. Capitais de duas grandes nações do velho mundo, mas que pela pena do romancista, nos traz um agudo olhar sobre até onde sonhos podem ser desfeitos, despertados para a dura realidade das ruas.
A multidão frenética de dia era composta de figuras das mais diversas. Os trabalhadores dos escritórios que contavam os passos à espera do horário do trabalho, os carregadores que corriam desajeitados, as lavadeiras com suas trouxas de roupa, os carteiros de porta em porta. Todos disciplinados pelo novo senhor das cidades, aquele que dita o ritmo das atividades, que faz com que o agora seja o oposto do depois: o tempo. A noção do que seja o tempo útil arrancava o homem da acomodação na natureza, e o jogava na engrenagem puída que teimava em levar a sociedade para frente, como uma bem ensaiada peça de Dickens.
Quando a noite chegava, rostos mudavam, comportamentos afloravam e nem sempre de maneira discreta. No afã de desnudar esse cotidiano, nossos autores se aprofundavam cada vez mais; para entender a cena que se apresentava, concluindo aos poucos que o desenvolvimento econômico por certo não havia contemplado todos os filhos da nação francesa, nem todos os súditos de sua majestade. Quanto mais aglomerado o povo era nas cidades, mais isolado o homem se sentia; misturando-se em meio à sujeira e o mau cheiro.
No final do século os bairros operários se agigantavam, tornando-se quase cidades dentro da cidade. Nesses verdadeiros antros de degradação se misturavam trabalhadores, beberrões e criminosos. Os franceses ao olhar o que se passava na caótica Londres vão em busca de soluções possíveis para tornar a vida urbana suportável em Paris.
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