Crime e castigo bento
Jorge Ricardo Barboza
CRIME E CASTIGO BENTO
Santo André - SP 2012
“O ser humano pode começar a mudar em qualquer fase da vida, inclusive, na terceira idade. Nós somos uma nova página a cada dia”. (Içami Tiba)
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Crime e Castigo Bento
Não era nadando contra maré que Machado de Assis em 1900 lançou seu terceiro romance, sua obra prima, contando o labor das paixões do imaginário coletivo (ainda vigente) pelas três fases românticas da vida: infância, juventude e maturidade. Seu protagonista é Bento Santiago, o narrador-personagem. O crime e o castigo não são biologicamente transmissíveis pela
hereditariedade nem pela lei. Na vida comum, nos apressamos em encerrar na noção de criminoso aquele que cometeu um crime, reduzindo os aspectos da vida e de sua pessoa a este traço. A tolerância supõe sofrimento, ao suportar a expressão de ideias negativas ou nefastas, conforme nossa convicção, assumimos a condição de castigados. Esse tema é decorrente na literatura como nesta obra: Dona Glória não gera um criminoso, mas alimenta um crime, e consequentemente destina para seu filho o castigo. “Quando eu era criança nas terras vermelhas do Marrocos, minha vó com seus cabelos curtos e brancos sempre dizia-me: ‘O inferno é um lugar perdido no meio do Paraíso, por isso meu filho, quando estiver lá cuidado onde pisa, olhe bem nas grutas, sombras de arbustos e buracos na terra paradisíaca. Lilith se perdeu assim e Eva também’ ”. O grande problema dos homens é lidar com a vitória, que é um tipo de satisfação. A satisfação é considerada por algumas religiões um crime, e consequentemente um castigo, principalmente se envolve uma paixão. As promessas a Deus não podem ser feitas momentaneamente, pois “Deus não joga dados” e “não escreve certo por linhas tortas”. Errar com Deus é pecar para o infinito, é pecar com a família, com a moral e com a sociedade. Assim a promessa amaríssima não contada ao esposo em vida por Dona Glória pela perda