Criança é a almo do negocio
Recentemente retornou à agenda das discussões na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 5291/2001, com o objetivo de regulamentar a publicidade dirigida ao público infantil. Ao que parece, a proposta inicial do PL de proibir a publicidade dirigida a este público causou certo rebuliço nos meios de comunicação que se posicionaram contra a proibição, recorrendo ao argumento de que a censura é inadmissível num Estado democrático. Sem desconsiderar a relevância do argumento, chama a atenção que não sejam levados em consideração outros fatores importantes que poderiam ser destacados numa discussão desta relevância.
Sabemos que o discurso publicitário influencia sobremaneira a forma como as nossas crianças se subjetivam. Nos anúncios publicitários, os produtos são apresentados como capazes de trazer ao consumidor todas as sensações, bens, posses e prazeres nele enunciados, além do que as imagens e mensagens do anúncio extrapolam o produto: é o tênis que torna seu usuário campeão do jogo, o salgadinho que supostamente dá a quem o consome a mesma força do super-herói que estampa a sua embalagem. A criança é ainda mais susceptível à propaganda, pois a linguagem nela utilizada é a do pensamento mágico no qual, diferentemente do pensamento racional, não há uma adequação lógica entre meios e fins. Mais que no do adulto, este tipo de funcionamento caracteriza o pensamento infantil.
Um documentário muito interessante, “Criança, a alma do negócio”, produzido pelo Instituto Alana, nos dá uma noção de o quanto as nossas crianças estão passivamente submetidas ao discurso publicitário e como são influenciadas por ele. No filme aparecem crianças que não sabem nomear frutas e verduras comuns, embora reconheçam imediatamente diversos produtos em que a marca está escondida, apenas através de sua embalagem. Aparecem ainda alguns dados alarmantes como, por exemplo, que 80% dos alimentos veiculados pela propaganda dirigida às