Criança e Adolescente
Violência, essa íntima desconhecida
Na sociedade contemporânea, a vivência da violência é tão usual e cotidiana, anunciada e discutida com tanta frequência, que somos levados a crer que sabemos muito sobre ela. É tão comum que a experimentemos, na condição de vítimas diretas ou de ouvintes de um outro mais ou menos íntimo, que um impulso de sobrevivência ou autopreservação nos leva a buscar algum mínimo de informação que nos permita entender sua lógica, aquilatar sua extensão e avaliar o perigo que ela representa, reunindo recursos para dela nos protegermos..
A indagação que ainda persiste é aquela que visa a encontrar a forma de minimizar os efeitos perniciosos da violência, ou os meios de reduzir sua escalada, que parece incontrolável. Faço alusão aqui à expressão consagrada por Hannah Arendt, e a tomo em seu sentido original. Para Arendt, a banalização pode ser entendida como a corrupção da consciência que se sedimenta em pequenos hábitos do cotidiano e condiciona a forma pela qual os indivíduos, suprimindo a capacidade de pensar criticamente, se acostumam a se acomodam ao arbítrio, à barbárie, à covardia e ao cinismo.
A violência contra criança tem sido exaustivamente estudada nos últimos 40 anos, mas uma leitura atenta das pesquisas recentes mostra interpretações divergentes entre os muitos estudiosos e, mais que responder, levanta indagações que requerem investigação futura.
Grande parte dos trabalhos produzidos na área da violência contra a criança são estudos de perfil epidemiológico.
Quando a comunidade científica reconheceu que certos ferimentos infligidos aos corpos das crianças tinham como origem a agressão paterna ou materna, rompeu-se o grande ciclo da civilização que fez a família o centro e o núcleo da proteção à criança.
Definições
No entender de Maria Cecília Minayo, a violência é um fenômeno polissêmico e complexo que pode manifestar-se de formas as mais variadas; mas em