Corvos - Sonhos, Akira Kurosawa
Akira Kurosawa (Tóquio, 23 de Março de 1910 – Setagaya, 06 de Setembro de 1998) foi um dos cineastas mais importantes do Japão e seus filmes influenciam uma grande geração de diretores do mundo todo. Com uma carreira de cinqüenta anos, Kurosawa dirigiu 30 filmes. É amplamente considerado como um dos cineastas mais importantes e influentes da história do cinema. Foi o introdutor do gênero samurai no cinema, com temas como a honra acima de tudo. Kurosawa adaptou obras do russo Dostoievski, de William Shakespeare, entre outros.
Numa conversa em Tóquio, em outubro de 1988, Kurosawa contou que a vontade de fazer um filme a partir de seus sonhos, filme este que ele iria começar a filmar em fevereiro do ano seguinte, nasceu da leitura de um texto de Dostoievski. O que Dostoievski escreveu sobre os sonhos na novela O Sonho de Um Homem Ridículo (1877) o deixou entusiasmado desde a primeira leitura. Desde a leitura do conto, desenvolveu o hábito de anotar os sonhos e guardar algumas destas notas como possíveis idéias de cinema. Fez uma primeira seleção de onze sonhos. Depois, nove e finalmente oito. São oito sonhos adaptados para o cinema. Adaptados, insiste Kurosawa, o filme não é uma transcrição dos sonhos. É uma adaptação de uma obra original, o sonho.
Dois sonhos são do tempo de criança: num dia de sol e chuva o menino Akira desobedece a mãe e vai à floresta ver o casamento das raposas; numa festa da primavera ele encontra os espírito dos pessegueiros em flor.
Dois sonhos são do tempo em que o jovem Akira queria ser pintor: o de Van Gogh e o da tempestade de neve na montanha.
Um foi sonhado no final da guerra, o do túnel.
Três outros sonhados mais recentemente: ele se lembra que sonhou o do monte Fuji derretendo depois de um acidente com uma usina nuclear; mais ou menos deste mesmo período é o dos demônios que choram com dor nos chifres e lamentam serem os únicos sobreviventes de uma guerra.
O sonho da festa dos habitantes de uma aldeia