Cortesias de um contador de historias
Sentado aqui nesse trem que não faz paradas, nem muda de direção, que não tem atrasos, e nem faz retorno. Um trem onde os imprevistos são previstos e os obstáculos fazem parte da ferrovia, como mais um de seus passageiros o acompanho em sua rota sem reclamações, sigo sempre em frente. Neste momento divido o balcão do vagão bar, com alguns companheiros inusitados, vocês os chamariam de triste, angústia e confusão. Chamo o barman e peço mais um dose do seu melhor whisky com duas pedras de gelo. Pego o meu copo e abandono sua companhia mudando para o canto do balcão que tem vista do lado de fora pela janela. Olho a paisagem cheia de cores e muito radiante, vejo as pessoas trabalhando e quase sem perceber as cores vão sendo tomadas pelo branco ofuscante de uma se ração matinal daqueles dias frios do inverno, o sol vai dando lugar a um céu cinza de uma tarde chuvosa. Percebo que meus companheiros abandonam o bar, voltando a suas cabines em algum dos vagões de primeira classe, novamente chamo o garçom e desta vez peço a ele que me sirva uma dose dupla do melhor whisky, o trem continua sua rota como se nem o tempo o importasse, o garçom fica ali fazendo me companhia e jogando conversa fora, trocando suas historias de boêmias com as minhas, e claro sem deixar de me dar seus conselhos baseados nas teorias de psicologia de bar. Mas ali naquele balcão batendo papo fiado, sinto-me como se esperasse por algo que não sei o que é a viagem toda, mas não falo nada. Um som de guitarra interrompe meus pensamentos, era a banda do bar tocando sua ultima canção, para mim parecia ser uma música do Bob Dylan, mas não tenho certeza, meu whisky também está chegando ao fim. Acendo um cigarro e olho mais um pouco a paisagem de filme de terror onde o personagem principal sou eu. Reparo que no fim de uma das montanhas algo brilhava, deduzi que era o sol. Abro um sorriso dou minha ultima tragada e apago a metade restando do cigarro no cinzeiro, ouço que a banda também chega