cortazar

4606 palavras 19 páginas
O DUPLO ESPACIAL EM “CASA TOMADA”, DE JULIO CORTÁZAR
Fernando de Moraes GEBRA (PG-UFPR / CAPES)
Tania Sturzbecher de BARROS (FAP)
ISBN: 978-85-99680-05-6

REFERÊNCIA:
GEBRA, Fernando de Moraes; BARROS, Tania
Sturzbecher de. O duplo espacial em “casa tomada”, de Julio Cortázar. In: CELLI – COLÓQUIO DE
ESTUDOS LINGUÍSTICOS E LITERÁRIOS. 3,
2007, Maringá. Anais... Maringá, 2009, p. 380-387.

Inserido na coletânea de contos Bestiário, publicada em 1951, "Casa tomada" apresenta uma estrutura narrativo-discursiva perturbadora ao leitor: trata-se da história de um casal de irmãos (o narrador-protagonista e Irene) que vivem tranqüilos e alheios do mundo na casa de seus antepassados. No entanto, essa aparente tranqüilidade será rompida por ruídos provenientes da parte mais afastada da casa, ao que os irmãos reagem de forma passiva, simplesmente fecham a porta que dá acesso àquele espaço.
Com o passar do tempo, os ruídos invadem toda a casa. Em outra atitude passiva, o narrador e sua irmã resolvem abandoná-la, levando apenas a roupa do corpo.
Nesse conto, o elemento perturbador são os ruídos provenientes da parte afastada da casa. Perturba os protagonistas, como também o leitor. Embora seja uma narrativa de estrutura linear, “Casa tomada” causa estranheza ao não revelar o que seriam esses ruídos, obrigando o leitor a um retorno ao texto, um ir e vir, tal como o tecer e destecer de Irene, lembrando o que fazia Penélope em A Odisséia, de Homero, enquanto esperava a volta de Ulisses para que não fosse obrigada a escolher um novo companheiro. Irene tece seu trabalho, mas não o termina porque este é símbolo do seu desejo mais íntimo, do seu inconsciente, que prefere ignorar, mas que serão manifestados mais adiante, no conto, pelos ruídos na casa.
À medida que Irene tece e destece, devemos tecer e destecer o emaranhado de significações escondido nos novelos textuais. Papel ativo não somente para o crítico e o analista, mas também para o leitor, uma

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