Cortar juros e spread é política de governo
Por Claudia Safatle
De nada vai adiantar reduzir a taxa básica de juros se os bancos não tornarem o crédito mais barato para o tomador final. A presidente Dilma Rousseff decidiu comprar essa briga, instruiu o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a endurecer ontem com os bancos privados e definiu a estratégia para induzir o sistema bancário privado a cortar seus spreads. Medido pela diferença entre o que o banco paga na captação e o que ele cobra em seus empréstimos, o spread no Brasil é um dos mais elevados do mundo.
"Juros em níveis civilizados é o nosso Plano Real", sintetizou uma fonte do Palácio do Planalto, dando a dimensão do que o assunto significa para o governo. Na quarta-feira, quando retornou da viagem aos Estados Unidos, a presidente esteve por mais de uma hora com Mantega.
No encontro, o ministro relatou as conversas da terça-feira com os representantes dos bancos privados e a postura da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), de passar a "bola" para a Fazenda, ao listar duas dezenas de propostas de medidas como precondição para reduzir o custo do dinheiro.
Mantega reagiu à Febraban após reunião com Dilma
Dilma considerou a reação dos bancos privados inadequada e recomendou ao ministro endurecer o jogo. Na noite da quarta-feira, sua assessoria avisou aos jornalistas que o ministro falaria ontem pela manhã sobre spread.
"O Murilo Portugal [presidente da Febraban], em vez de apresentar soluções, anunciando aumento de crédito, veio aqui fazer cobrança de novas medidas do governo", disse Mantega. "Os bancos privados querem jogar a conta dos elevados custos do spread bancário nas costas do governo", prosseguiu, e devolveu a "bola", ao afirmar: "Os bancos têm margem para elevar o crédito no país sem que o governo tenha que mexer em nada".
A Febraban apresentou um leque de sugestões para o governo, da redução dos impostos sobre a intermediação financeira à liberação de depósitos compulsórios, dentre