Um novo cenário financeiro para o Brasil
Número 123– abril 2013
Um novo cenário para o setor financeiro no Brasil
Um novo cenário para o setor financeiro no Brasil
Introdução
Em abril de 2012 teve início, de forma mais clara, o desenho de um novo cenário para o setor financeiro no Brasil. Na ocasião, o governo federal manifestou sua insatisfação com os níveis elevados das taxas de juros praticadas no país, enxergando nesta variável um dos obstáculos à continuidade do processo de crescimento e desenvolvimento econômico, na medida em que o alto custo do dinheiro impediria decisões de investimento das empresas e de consumo das famílias.
A avaliação, naquele momento, foi que os spreads bancários – diferença entre a taxa de empréstimo do banco e o custo de captação, ou seja, a margem de ganho bruto dos bancos - no
Brasil estariam em patamares muito superiores aos praticados internacionalmente e que não haveria nenhuma justificativa técnica para isso. Na verdade, essa situação seria fruto da extrema concentração do setor bancário brasileiro, onde apenas seis bancos detêm mais de 80% do mercado, e da elevada taxa básica de juros que acaba determinando um patamar mínimo de valorização do capital, empurrando as demais taxas para cima1.
A partir deste diagnóstico o governo federal acionou os dois grandes bancos públicos federais para iniciarem um movimento de redução de suas taxas, na expectativa de que os bancos privados os acompanhassem para não para que não perdessem mercado.
De agosto de 2011 em diante, o Comitê de Política Monetária (Copom) passou a reduzir a taxa básica de juros da economia (Selic), que atingiu o menor nível histórico em outubro de 2012, quando foi fixada em 7,25%2. Sabe-se que as instituições financeiras são as principais credoras da dívida pública federal, em parte corrigida pela taxa Selic, e, portanto são afetadas pela menor rentabilidade dos títulos públicos e dos depósitos compulsórios, que também são remunerados, em parte, pela Selic.