corpo humano
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INTRODUÇÃO
O corpo humano é bilateralmente simétrico apenas na aparência, pois os
membros e os órgãos do sentido são usados assimetricamente. Em tarefas como escrever ou arremessar uma bola, por exemplo, os indivíduos demonstram uma consistente preferência para o uso de uma das mãos; as preferências podal, ocular e auditiva são manifestadas ao chutar uma bola, ao olhar em um telescópio e ao colocar o ouvido contra um relógio para ouvir sua batida (PORAC, COREN,
STEIGER & DUNCAN, 1980). A esses aspectos relativos aos lados direito e esquerdo do corpo está associado o conceito de lateralidade. Além das preferências laterais observam-se ainda as assimetrias de desempenho em ações motoras, que correspondem a um desempenho superior com um lado do corpo em relação ao outro. As relações entre essas duas dimensões da lateralidade serão abordadas nesse estudo.
Em relação ao estabelecimento de assimetrias laterais – preferência e desempenho – ao longo do processo de desenvolvimento humano, um aspecto paradoxal chama a atenção: o fato de coexistirem duas tendências agindo em sentidos opostos. Ao mesmo tempo em que os humanos demonstram uma tendência na direção à preferência de uso do lado direito do corpo, com aproximadamente 90% das diferentes populações tendo preferência manual direita (GILBERT & WYSOCKI, 1992; REIß & REIß, 1997), preferência que se acentua ao longo da vida (PORAC et al., 1980; TEIXEIRA, 2001), existem simultaneamente mecanismos prevenindo que a prática unilateral gere assimetrias crescentes de desempenho motor. Essa observação foi feita por TEIXEIRA e
GASPARETTO (2002) em uma investigação enfocando o desenvolvimento do arremesso de potência em crianças de seis a 10 anos de idade. Nesse estudo foi observado que, apesar de ser uma tarefa com prática unicamente unilateral em condições naturais, a magnitude de assimetrias de desempenho se manteve inalterada ao longo das idades avaliadas. Tal manutenção das assimetrias de