Coronelismo

3 CORONELISMO E O PODER LOCAL

Para quem valoriza o fortalecimento do poder local como uma forma de contrabalançar e controlar o excesso de poder dos governos nacionais, e como forma de proteção da liberdade dos cidadãos frente ao Estado, o Brasil é um mau exemplo. A formação política e histórica do Brasil é patrimonialista. Patrimonialismo é um conceito sociológico cunhado por Max Weber para designar o predomínio da burocracia prussiana sobre a sociedade alemã, e que Raymundo Faoro adaptou para explicar o sistema de dominação política vigente no Brasil. Herdamos dos portugueses um Estado dominante, centralizador e burocrático.
Os portugueses criaram o Estado, no Brasil, antes que existisse sociedade organizada com um sistema de produção de riquezas estruturado. A população nativa foi quase totalmente exterminada. Habitavam este território cerca de 5 milhões de índios que, hoje, encontram-se reduzidos a cerca de duzentos mil, aculturados ou em vias de extinção. A elite política e econômica da nação se formou a partir da ocupação de posições no aparato do Estado, movida pela idéia de que se acumula riqueza abstraindo-a da natureza ou de outras pessoas; não com o trabalho e o espírito empreendedor. Essa característica impregnou a cultura política nacional, expandindo-se para as classes subalternas. A nova classe média que se formou no país, ascendeu socialmente com a modernização trazida por Getúlio Vargas, JK e o regime militar e invadiu o aparato público, vendo a política como forma de enriquecimento rápido através da rapinagem do Estado.
Antes disso, da condição de colônia portuguesa passamos à condição de império independente por herança de pai para filho. Ou seja, nossas estruturas políticas e institucionais pós-coloniais seguiram centralistas, unitárias (não federadas) e burocráticas. A proclamação da República resultou de um golpe de Estado, o primeiro de uma série que marca nossa tradição autoritária.
Ainda que formalmente o Brasil se autodenomine como