Coronelismo, enxada e voto
Victor Nunes Leal
O termo “coronel” vem da extinta guarda nacional imperial, que lutou nas guerras do Prata, do Uruguai e do Paraguai entre os anos de 1851 e 1870, tendo tornado-se meramente decorativo depois disso e abolido na República Velha. No Império cada município possuía um regimento da guarda nacional, o posto de “coronel” era ao chefe político deste município, que normalmente era o mais rico comerciante, industrial ou fazendeiro. O termo é, nos dias da publicação, ainda utilizado para identificar aqueles que mandavam na política local. Podemos entender a influência social desses “coronéis” fazendo referencia à estrutura agrária do país. O poder desses fazendeiros e a sua importância para o poder público se dão pela forma de representação proporcional e a então recente ampliação do sufrágio. O Coronel exerce uma ampla jurisdição e poderes de polícia sobre seus dependentes. A sua qualidade de proprietário rural faz com que ele seja considerado rico por esse povo sertanejo, justamente por ter acesso à educação, boa alimentação, saneamento básico e outros “luxos” que não chegam às camadas populares do campo. Na categoria membros da família, a grande maioria são membros das famílias e colaboradores dos autônomos. As despesas eleitorais são muito grandes no interior, onde o eleitor tem que sair da fazenda e depositar a cédula na sede do município. Com a falta de dinheiro do sertanejo, quem faz esse trabalho é o “coronel”, oferecendo roupas, transporte, documentos e alojamento, também ficando responsável pela despesa de alistamento eleitoral. Cabe aqui ressaltar que essas despesas eleitorais de toda ordem normalmente são pagas pelo dinheiro público. Entretanto, o autor aponta que nas eleições de 1945 e 47 houve uma redução no voto de cabresto, identificando algumas traições, o que alguns atribuíam à propaganda no rádio. Outro fator importante para diminuir a dependência em relação ao