Copan
Híbrido Rio-São Paulo
São Paulo, 2010
[Oscar Niemeyer] texto de Carlos M. Teixeira
Dados
Certificado no livro Guinness, o edifício residencial Copan é o maior do mundo: 86.500m2 (apartamentos) e 115.000m2 (total). Sua folha de pagamento soma mais de 100 empregados, as lojas em seus pilotis empregam 950 pessoas e seus moradores são 5.000, distribuídos em 1.160 apartamentos que variam de 32 a 180 m2. Com 1.800 linhas de telefone, o consumo de energia é de 30.000kW/mês e o de água, um milhão de litros/dia – contra a produção de três toneladas de lixo/dia.
História
A megaestrutura do Copan apresenta óbvias similitudes com as megaestruturas serpenteadas de Le Corbusier, especialmente as ilustradas nos croquis que fez para o Rio de Janeiro e já publicadas ad infinitum. Dentro da obra do próprio Niemeyer, o prédio é um eco da mesma monumentalidade do monolítico Edifício JK (Belo Horizonte, 1950) e, melhor ainda, da fluidez de seu desconhecido projeto do Hotel Quitandinha (Petrópolis, 1950). Todos afirmam-se na paisagem urbana como lâminas monumentais, todos têm a verticalidade retida pelo desenvolvimento horizontal, e todos expressam uma incrível e absoluta indiferença para com o entorno – indiferença tal como a do monumento contínuo do grupo Superestudio.
Visto que foram construídos em áreas centrais, é óbvio que o Edifício JK e o Copan veriam mais tarde seu heroísmo diminuído pelo crescimento urbano experimentado por todas as capitais brasileiras na segunda metade do século XX. Se as fotos feitas por volta de 1960 deixam claro a preponderância desses prédios no perfil de São Paulo e Belo Horizonte, hoje eles estão imersos numa congestão de prédios anônimos que expressam total despreocupação com esses gigantes. Afirmação auto-confiante tipicamente modernista, o Copan poderia ter passado, em duas décadas, de protagonista a mero coadjuvante de São Paulo, símbolo de uma cidade industrial transformado em mais um elemento de uma urbes quase catastrófica.