Copa do mundo no brasil a copa do mundo é nossa
JUCA KFOURI: À medida que a Copa do
Mundo se transforma num negócio, o dono do negócio aperta os parafusos para lucrar mais e correr menos riscos. Todos os riscos ficam por conta do país que recebe a Copa, e todas as benesses ficam para a Fifa. No momento em que um país se candidata a receber a Copa e aceita os cadernos de encargos da Fifa, abdica de parte de sua soberania.
E eu diria que não temos por que chiar, porque sabemos desde sempre quais são as exigências: a Fifa não paga impostos, seus convidados têm livre trânsito, toda a arrecadação vai para ela etc.
Os alemães resistiram – e acho que é um pouco por aí que a Dilma [Roussef] está indo
– à reforma do Estádio Olímpico de Berlim, que a Fifa queria pôr abaixo e fazer como está fazendo no Maracanã. Aí os alemães disseram que o que era histórico no estádio iria ficar, e ficou. Em Dortmund, por uma resistência local, eles conseguiram vender, além da cerveja patrocinadora da Copa, a cerveja de lá, pois era um acinte vender, na terra da cerveja, uma cerveja americana [a Budweiser] considerada xixi de caveira, por especialistas.
Precisamos ter o mínimo de sensibilidade para entender por que certas coisas passam
NOSSA
a se dar como se dão. Não parece estranho que a última Copa tenha sido na África do Sul, e as próximas sejam no Brasil, na
Rússia e no Qatar? Cadê Inglaterra, Espanha, Canadá e Estados
Unidos? Por que esses países? Porque eles tendem a acatar com menos altivez o que a Fifa impõe e padecem do mal da corrupção desenfreada. Então, você constrói na África do Sul estádios que já são elefantes brancos um ano depois da Copa. E a mesma coisa acontecerá aqui, na Rússia e no Qatar; neste último serão feitas passarelas e estádios com ar-condicionado, porque a temperatura chega a 52ºC. Dinheiro a rodo, tradição de futebol zero.
Eu não tenho a menor dúvida de que se o presidente ainda fosse o Lula, não haveria essa discussão, ele teria cedido. Está