Convergências no Cinema Contemporaneo
“Meu tema é o instante? Meu tema de vida. Procuro estar a par dele, divido-me milhares de vezes, em tantas vezes quanto os instantes que decorrem fragmentária que sou e precários os momentos – só me comprometo com a vida que nasça com o tempo e com ele cresça: só no tempo há espaço para mim.” (Clarice Lispector)
Paranoid Park (Gus Van Sant - EUA 2007)
Traçando uma similaridade com a literatura intimista de Clarice, Paranoid Park traça uma jornada de acontecimentos sem que haja um vínculo direto com o tempo, a divagação do personagem sob aquilo que o ocorreu acontece em vários momentos díspares no decorrer da narrativa, que aqui não se apresenta como caminho a se seguir, pois as ambiências, o sentimento movente do protagonista já não está mais em seu interior e sim calcado nas imagens refletidas nos personagens e nas situações.
As imagens nos filmes de Gus Van Sant se completam uma a uma como que se ligassem por um sentimento condutor, a câmera que desliza sobre os corpos dos jovens em Elephant, que registra a desmaterialização do corpo em Last Days, sem nunca interferir diretamente, em Paranoid Park se mantém sobre Alex o protagonista.
A inconsequência do pensamento impulsivo do jovem que resultou na morte de um funcionário de uma ferroviária causou um trauma, a memória do acidente vem sempre à tona, mas a amplitude desse causo que consequentemente poderia ser representado de