Contra um mundo melhor
Antônio Laureano Neto
Consoante se vê em seu currículo Lattes, Luiz Felipe Ponde é graduado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP, 1990), além de ser mestre em História da Filosofia Contemporânea (1993) e pós-doutor (1997) pela mesma instituição, possuindo formação, títulos e trânsito por outras Universidades brasileiras e europeias.
Seguindo a linha dos textos publicados no jornal Folha de São Paulo, onde é articulista, Luiz Felipe Pondé traz ao leitor um texto provocativo, especialmente destinado aos “não iniciados” na atividade filosófica, onde temas relacionados à antropologia filosófica são abordados a partir de seu peculiar itinerário formativo, que contemplou a filosofia, as ciências da religião, a psiquiatria, epistemologia, modernidade e pós-modernidade.
Pondé refuta a ideia de um mundo melhor, supondo um caminho de ruínas e ceticismo ao longo da jornada humana, onde supostamente se passa pela vida lutando contra um vazio interior, tentando-se preenchê-lo com todo o tipo de modismo estúpido ou vazia atitude política correta.
Desfilando a sua trajetória pessoal e intelectual, em pequenos trinta e dois ensaios, supõe o autor a crueza de uma estética que despreza a tolerância tola da negação daquilo que não pertence à natureza humana. As contribuições do pensamento filosófico, das artes, da psicanálise, da deontologia e da literatura se constituem em pontos de apoio para algumas de suas reflexões, perpassadas pelo estabelecimento de um horizonte comum a toda a humanidade, que destoa do discurso predominante na atmosfera do senso-comum.
O diagnóstico da “crise” ou insuficiência do projeto moderno também está presente em vários dos ensaios de Pondé, assim como considerações “pós-modernas”, que reagem criticamente ao ideal de razão, onde a própria felicidade se deduz como “impostura” moderna. Nas palavras do autor (p. 53):
(...) O ser humano padece