Conto
Em “Beira rio” está centralizada a denúncia sobre a exploração de trabalhadores oprimidos por uma “Companhia”, numa cidade chamada Capitão Borges. Essa cidade fictícia representa a opressão do trabalhador, a desigualdade social, o autoritarismo versus submissão que, infelizmente, é ageográfico e atemporal. No primeiro parágrafo, o poeta estabeleceu uma conexão com os pontos cardeais, elementos fixos entre os espaços oeste versus leste. “A oeste ficava os terrenos da Companhia, onde tinham começado as obras para insta1ação da grande indústria. A leste improvisara-se uma cidade, residência de diretores técnicos e operários, chamada Capitão Borges, em honrado desbravador daquele sertão. No meio ficava o rio, que se atravessava de balsa.” O leste, local em que o sol nasce, representa a saída para a Europa, o berço da civilização e da cultura, local onde estão localizadas as residências dos poderosos contrapondo-se com o oeste, a Companhia, alegoria da exploração, do fim e da morte. Os donos da Companhia buscando a lucratividade máxima através da excessiva exploração do trabalho transformaram as jornadas de trabalho em cargas extensas e sem garantia de remuneração e legislação. “O dia de trabalho espichava-se por oito horas legais e mais duas de prorrogação, sem pagamento. A Companhia tinha pressa na execução do programa. Como não restassem trabalhadores a recrutar, na região, exigia-se de todos um esforço maior. Quanto à remuneração desse suplemente de serviço, falava-se que iria formando um bolo para o operário receber, acabada a obra, ou quando se retirasse. Falava-se. Mas ninguém sabia nada ao certo. E fiscal do Ministério do Trabalho, naquelas brenhas...você viu???“ Através de recursos linguísticos como a metáfora, a antítese, o paralelismo, a repetição, a elipse e a ironia, a narrativa conduz a um clima de tensão e de indignação do narrador. “Curiosa vila de Capitão, onde há dez