Jangada
Domingo de Pascoela, 26 de abril de 1500, Pero Vaz de Caminha assistiu a primeira missa no ilhéu da Coroa Vermelha e reparou na curiosidade dos tupiniquins. E escreveu: "E alguns deles se metiam em almadias — duas ou três que ali tinham — as quais são feitas como as que eu já vi — somente são três traves, atadas entre si. E ali se metiam quatro ou cinco, ou esses que queriam, não se afastando quase nada da terra, senão enquanto podiam tomar pé".
Foi o grande cronista chamando a jangada por um nome bem diverso e desculpando-se da dessemelhança. Almadia é a canoa monóxila, estreita, comprida, feita duma única árvore, aproveitada em sua seção retilínea. Correspondia às igaratés e às ubás. Os portugueses conheciam-na em todo o longo do século XV, empurrada pelos braços negros dos africanos. Era, e bem podia ser o pangaio, tone, lancha, piroga, escaler. Jangada é que não. Pero Vaz de Caminha denuncia, ele homem da cidade do Porto, não ter visto ainda as balsas atravessadoras de rios? Ou não as havia naquele último ano do século? Eram do Brasil tupi, as piperis ou igapebas.
Jangada, o português viu nas Índias, enfrentando sua esquadra, batendo-se pelo domínio marítimo. Mas o nome popularizou-se depois. Em 1500, não conheço menção. Vinha do dravidiano, da tâmil, tâmul ou timul, divulgado pelos malaios, janga, jangá, jangadan, a janga maior, igual as catamarãs dos mares índios.
Hans Staden, que ficou pelo litoral paulista não viu jangadas e é o primeiro autor estrangeiro a falar do Brasil em livro impresso. Jean de Léry habitando o Rio de Janeiro de março de 1557 a janeiro de 1558 fixou o piperi, como a via pular nas ondas da Guanabara, certains radeuax, quíls nomment piperis.
Eram feitas de cinco ou seis paus roliços, amarrados com cipós, guiadas avec un petit baston plat qui leur sertd´aviron. Remavam sentados, pernas estendidas, tendo a embarcação uma braça de longo por dois pés ou