Conto de Irene Lisboa
A Rapariga de Pedra é um conto de Irene Lisboa, inserido num dos seus livros “Uma Mão Cheia de Nada Outra de Coisa Nenhuma”.
Era a primeira vez que Aldemiro ia de férias para a serra, já tinha imaginado tudo, desde moinhos a árvores. No entanto, quando lá chegou descobriu que a serra não era nada do que ele estava a espera. Para onde quer que olhasse só via rochas, pedras e pedregulhos.
Os dias passavam e as noites aproveitava-as a ouvir histórias dos locais, nas suas casas. Maravilhado com a história da Rapariga de Pedra, Aldemiro começou a pedir informações, com o objetivo de um dia a encontrar e ver. Um dia, como já era costume, saiu de casa muito cedo e começou a caminhar sem destino. Como gostava de água, quando chegou ao pé de uma ribeira, decidiu parar e seguir pelo seu leito. Até que começou a ouvir um barulho parecido com um lamento de criança. Curioso, foi atrás do som. Aldemiro subia cada vez mais, de pedra em pedra. O som estava a levá-lo para o pego da ribeira. Quando chegou ao sítio mais fundo do rio, ficou a olhá-lo e a brincar com os pequenos bichinhos que por lá passeavam. Até que foi novamente atraído por um choro, depressa concluiu que era a água que estava a chorar, ao olhar para cima foi surpreendido pelo vislumbre da rapariga de pedra. Ela estava no topo de um rochedo muito alto, era de cristal, estava nua e tinha a cabeça inclinada para a frente e os cabelos a escorrer água. Aldemiro queria-lhe pedir para deixar de chorar, mas caiu,