Consumo e Consumismo
No consumo, o ato de comprar está diretamente relacionado à necessidade ou à sobrevivência. Já quando se trata de consumismo, essa relação está rompida, ou seja, a pessoa não precisa daquilo que está adquirindo. O consumismo está vinculado ao gasto em produtos sem utilidade imediata, supérfluos. Esse hábito vem sendo discutido por muitos autores em suas origens e dimensões. Alguns estudiosos apontam a importância da publicidade na construção da obsessão pelo ato de comprar. Outros autores destacam a vinculação histórica da possibilidade de compra à vida boa, riqueza, saúde. Isso quer dizer que ao longo dos anos, pessoas que tinham maior poder de compra eram consideradas melhores que pessoas com menor poder de compra.
Consumo e cultura
Quando falamos que vivemos numa "cultura do consumo", é quase inevitável que a constatação seja acompanhada de uma carga negativa. O termo é freqüentemente associado a um materialismo banal que teria surgido nos últimos anos. Mas no campo das ciências sociais a "cultura do consumo" é vista como um fenômeno muito mais antigo -- remonta ao século 16 -- e profundo do que normalmente se supõe. Em Cultura do Consumo & Modernidade, livro do sociólogo americano Don Slater -- recém-lançado no Brasil pela Coleção EXAME em parceria com a editora Nobel --, a história do consumo e a maneira como o tema foi discutido em cada época são destrinchadas e ganham contornos tão fascinantes quanto insuspeitos.
Um exemplo da dimensão do tema está no fato de que, na esfera individual, ao adquirir um determinado bem ou serviço, principalmente algo supérfluo, ajudamos a construir nossa própria identidade. Hoje, comprar um carro esportivo de dois lugares ou uma minivan com capacidade para sete passageiros representa uma afirmação sobre o que somos e o que não somos. O mesmo vale para um terno de corte impecável ou um blazer desconjuntado, um patê de foie gras ou um pacote de pipoca.