Consumidores do Sec XXI
No prefácio elaborado para a edição inglesa de Consumidores e Cidadãos, “O Diálogo Norte-Sul nos estudos culturais” o autor mostra a importância de compreender a globalização como um processo de reordenamento de diferenças e igualdades e não como uma simples homogeneização de culturas em escala global. De uma maneira geral, o antropólogo entende o processo de globalização como a passagem das identidades modernas, territoriais e quase sempre monolinguísticas, para identidades transnacionais e multilinguisticas, que podem chamadas de pós-modernas. Por isso, a globalização é um processo de fracionamento articulado do mundo e de recomposição de suas partes, onde as diferenças nacionais persistem e são convertidas em desigualdades.
Assim, Néstor Canclini ponta para a importância das práticas de consumo para os aspectos comunicacionais do direito à cidadania, demonstrando como o consumo não é um ato “irracional”, um gasto desnecessário e inútel, mas um espaço onde se organiza parte da racionalidade econômica, política e psicológica social. Quando selecionamos os bens e nos apropriamos deles definimos o que consideramos publicamente valioso, assim como nos integramos e nos distinguimos na sociedade. Assim, os meios eletrônicos irrompem as massas populares na esfera pública e deslocaram o desempenho da cidadania em direção às práticas de consumo.
O capítulo de introdução do livro recebe o nome propício de “Consumidores do século XXI, cidadãos do século XVIII” pois ao passo em que as sociedades se organizam para, como consumidores, nos colocar no século 21 – onde a distribuição global de bens e informação aproxima o consumo de países centrais e periféricos, e, como cidadãos, nos levar de volta ao século 18 – onde as decisões estão todas concentradas em elites e é formado um regime de exclusão da maioria incorporada como “clientes”.
Também discutida a frágil fronteira entre o que é próprio e o que é alheio: mesmo após a