Consulta
Olhada por dentro, fica claro que nada é mais forte na Toyota do que sua cultura. Tudo mais -- a produção enxuta, a logística superafiada, os carros que fazem sucesso com o consumidor -- é apenas reflexo do jeito Toyota de pensar e agir. Qualquer um dos 296 000 funcionários da montadora sabe exatamente quais os princípios e os valores da empresa. Como seguidores de uma doutrina, eles parecem acreditar em cada palavra que dizem. Da lista de "preceitos" da montadora constam recomendações como "Seja gentil e generoso, lute para criar uma atmosfera calorosa e caseira". Enquanto em boa parte das empresas o principal motor do crescimento é o reconhecimento do sucesso individual -- que se manifesta no pagamento de bônus atrelados ao cumprimento de metas, em programas de opções de ações e na ascensão meteórica na carreira --, na Toyota o que move os funcionários é a certeza de que é possível fazer mais e melhor a cada dia, o chamado kaizen. Todos os empregados devem ser eternos insatisfeitos, buscando obsessivamente a qualidade -- uma lógica que se aplica do operário ao presidente e que privilegia o trabalho em grupo. Para que todos saibam exatamente qual é seu papel na engrenagem, os recém-contratados passam por um treinamento de cinco meses antes de assumir seu posto: 30 dias dedicados à cultura Toyota, dois meses numa fábrica, para ver de perto como os carros são produzidos, e o restante dentro de uma concessionária, porque é preciso saber o que quer o consumidor. A sensação de que todos estão remando juntos por um objetivo comum é reforçada pela política salarial. "Na matriz, o salário do presidente não é nem dez vezes superior ao de um funcionário do chão de fábrica", afirma Gilberto Kosaka, ex-executivo da Toyota no Brasil e hoje diretor do Lean Institute, consultoria especializada no "sistema Toyota de produção". "Não sei se isso é positivo ou não,